quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Tancredismo

    Meu corpo anda mais fechado para o mundo do que nunca. Falta vontade de viver, paciência pra responder as perguntas inúteis que a vida insiste em me fazer. Enjoei do mundo e de toda a hipocrisia dele. Das pessoas em volta, da pressão que elas fazem. Enxergo a vida com os meus próprios olhos e me recuso a varrer toda sua sujeira para debaixo do meu tapete. Deixei de acreditar na alegria da vida quando percebi que tenho que ser só mais uma. Você não pode ter pensamentos próprios, você não tem liberdade de expressão, não pode dizer nem ir a onde quiser.  Só gostam de você se você diz o que querem ouvir, se você faz sem resmungar o que mandam, se obedece todas as regres e perde toda a diversão. A maior mentira da sociedade brasileira é dizer, e acreditar, que a ditadura acabou. Mentira, calúnia e todos seus sinônimos. Passamos a respeitar chefes que nem conhecemos, a seguir leis que não concordamos, a engolir em seco a vida sem questionar o porquê. Essa submissão não é pra mim.
 Estar vivo se tornou banalidade, mero requisito pra morrer e efemeridade do tempo dói, e caso a rebeldia seja a saída, vida longa aos anarquistas.
Somos cerca de sete bilhões de pessoas vivendo em solidão, amargurando nossas almas em cativeiros próprios perambulando pelo destino esperando pelo dia certo, aguardando a vez na fila da morte. Eu não quero isso, eu não quero assim. Eu não vou suportar mais um segundo assim.
Quero os lugares desconhecidos, os amores proibidos, os venenos mais fortes. Quero tudo que não pode. Quero saber por que não pode.  O não pelo não me consome, faz doer meus músculos no mais literal sentido. Cansa estar amarrada o tempo inteiro. A liberdade é o meu combustível e eu não sei sobreviver de outra maneira. Preciso me expressar, dizer o que penso, gritar meus sentimentos, mas como fazer isso se a censura me impede? Hoje o nosso Ato Institucional Número Cinco é comandado pela mídia.
Se a condição de existência estiver submetida a uma rede de enganações, de falsas sensações de felicidade, de sonhos irreais, eu não quero mais continuar em frente.

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