terça-feira, 15 de março de 2011

A pele exalava cheiro de amor, nos lábios um sorriso tranquilo. Os olhos caminhavam sempre abertos, atentos para cada movimento do outro. A altura, maior que a dela, lhe fazia sombra. Porém, este parecia ser seu tamanho exato. Cabia direitinho no espaço de seus ombros. Ele parecia mesmo feito para ela.
A chuva os cobria lentamente e cada beijo os fazia mais íntimos. Não ligavam para as poças de água enquanto seguiam de volta o caminho de casa. O beijo de despedida, foi simples e bonito. Embora o dia seguinte não mais fosse uma incerteza, seguiram para suas casas ainda se entreolhando, como se fosse a última vez em que se veriam. Assim os dias seguiram.
A semana passava lentamente, o ar tinha um doce perfume de flor e o silêncio tranquilizava como uma música lenta. As mãos ficavam trêmulas ao simples fato o sentir por perto. No canto de seus lábios, ele sussurrava entre os dentes, o quanto a desejava.
E assim, o tempo passou. Aos poucos, os carinhos se espaçaram. O brilho no caminhar se apagou devagar. O dia ensolarado deu lugar a noite fria. O aroma agora, possuía um pesado cheiro de cinzas. Fazia arder os olhos num choro intenso ao descobrir, que não fora só o tempo que passara. Com ele, o amor também.

sexta-feira, 11 de março de 2011

O barulho irritante do despertador me desperta a dor da saudade de não tê-lo mais ao meu lado na hora de acordar. A geladeira vazia tem uma vaga semelhança com meu coração, que não mais dorme tranquilo, não tem mais sossego, vive congelado no frio e no tempo, sem o seu calor. As roupas espalhadas pelo chão não me dão mais raiva, cato-as peça por peça, em busca do seu cheiro. Mas tudo que sinto é a memória triste da sua ida, sem prevista volta. Os retratos meus e seus, sorriem ainda sem saber do que aconteceu. Assim como você e eu. Suas coisas de banho continuam intactas no banheiro, onde você mesmo as deixou, como se estivessem a esperar novamente seu corpo ali, assim como o meu espera o seu, no escuro de todas noites, deitada na cama. Por mais silêncio que a casa agora esteja, sua voz ainda ecoa pelas paredes brancas. Brancas agora, sem as cores da sua presença. Nada tem mais vida. Nem a cor das paredes brancas. A vida nos prega peças, nos deixa sem rumo, mas com você, amante e amigo, tudo fazia sentido. Até que certo dia, fez sentido você ir embora. E se mesmo não mais pensa em voltar, ao menos me deixe pensar, que mesmo longe, ainda pensas em mim e um dia irá voltar.