domingo, 11 de agosto de 2013

Para o meu pai

Não perdeu noites de sono por causa da barriga de nove meses, mas tem dor na coluna de ficar me esperando, acordado até tarde, quando demoro pra chegar em casa. Não sentiu as dores do parto, mas todas as minhas dores ele sentiu e sente até hoje. Quando eu nasci, você ainda tinha cabelo mas acho que a minha infância, brincando comigo, pulando na piscina pra me salvar, ao invés de deixá-los brancos, fez você perder tudo. Você me ensinou a ser criança de verdade e mais tarde, a deixa a infância de lado e assumir minha maturidade, honrando compromissos e vontades. Nunca fez faculdade de psicologia, mas sempre ouviu meus problemas e me ajudou a resolvê-los. Nunca foi médico, mas cuidou de mim como se fosse um. É um flamenguista do pior tipo, mas quantas vezes me levou ao jogos do Botafogo só pra me fazer feliz? Dizem que os meninos costumam ser mais parecidos com os pais do que as meninas. Mas nós somos a prova de que isso não é verdade. E por sermos tão parecidos, nem sempre foi fácil conviver e lidar com isso. Tantas semelhanças, e ao mesmo tempo tanta divergência. Mas isso nunca foi maior que o amor louco que temos um pelo outro. Meu maior crítico, meu maior professor, meu maior e melhor amigo. Inúmeras as vezes sentei do seu lado para ouvir suas experiências. Muitas desses vezes nem se quer foram por vontade própria, mas sim porque eu precisava ouvi-las para ser um ser humano melhor. Nunca foi fã de teatro, mas é meu fã número um, e sempre que pode, do jeito dele, ele está na platéia pra me assistir, mesmo já tendo visto a peça mais de dez vezes. Nunca leu um manual de como ser pai mas nunca deixou de tentar acertar. Nem sempre eu faço as coisas como você quer, mas qualquer que seja o rumo que a minha vida tome, eu sei que é com você que eu posso contar, a qualquer hora. Por ser a pessoa incrível que você é, acabei tendo que dividir você com outros filhos, nem todos de sangue, mas sim do coração. Morria de ciúme, mas entendia perfeitamente quando diziam que você era um paizão. Acho que dentro da palavra amor não cabe um décimo do sentimento que eu tenho por você, papai. Obrigada por nunca existir nenhum "nunca" na nossa relação a não sei o de que eu nunca vou deixar de tê-lo como exemplo. Estava certo quem disse que o primeiro amor de uma menina é o seu pai.

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